quarta-feira, julho 26, 2006

Memórias do Planalto

Estive em Brasília por 4 dias. Longe de todos, inclusive no dia do meu aniversário (como diz o poema "Aniversário Solitário").
Esses dias foram, apesar de tudo, produtivos, tanto no sentido profissional, como espiritual e emocional, fazendo-me ler...ler...e escrever...escrever...(rs).

Li C.S. Lewis, Pablo Neruda e Goethe. Foi ótimo!

Seguem alguns dos poemas produzidos nesse período.

Enjoy!


O MEDO DO NUMINOSO

Ainda era dia,
Fez-se noite em meu quarto
E assombrei-me.
Temi a presença numinosa
E orei,
Como um filho teimoso
Implorei,
Parecendo não estar só,
Sonhei,
Sobressaltado e ofegante
Acordei.
Era o quarto do Hotel;
Uma terra estranha
E distante.

(PC - 24/07/2006 - Eron Hotel - Brasília-DF)


PRIVACIDADE

Gosto de privacidade
Mas não de solidão.
Esta é traiçoeira,
Avança a idade,
Dissipa a paixão.
Destrói a esperança,
A inocência da criança,
Entorpece a sensibilidade.
Ficamos ocos
A ponto de não sentir
Saudade.
Não há deleite;
Não há sim, e nem não,
Somente um terrível vazio,
Preenchendo a vida de
Solidão.

(PC - 25/07/2006 - Eron Hotel - Brasília-DF)


OS CAMPOS DO CERRADO

Hoje da torre vi
A Esplanada dos Ministérios.
Será que essa corja
Já viu a cor
Dos campos do Cerrado
Nesta estação?
Será que é assim que está
Seu coração?
Seco, pedindo pela água
Que seu deus
- O deus da sua consciência -
Não manda.
Nem a lama dos seus
Gabinetes não os amolece.

O Planalto é imponente
E nós, o povo,
Impotentes
Como o lago:
Está lá
Mas não se move,
Cercado pela terra
Árida dos campos
Do Cerrado.

(PC - 26/07/2006 - Eron Hotel - Brasília-DF - Após visita à Torre de Transmissão)

sexta-feira, julho 21, 2006

Tiago, um ano! (03/06)

Esse foi em comemoração pelo primeiro aniversário do meu filho Tiago!


HUM ANO

É graça, se compra sem preço,
Tamanha, não dá prá contar.
É lindo, um lindo começo,
Humilde alegria a brotar.

É filho, do amor é herdeiro,
Faz anos, vai palmas bater.
Presente do Deus Verdadeiro,
Nos olhos traz luz ao viver.

Sou pai e, na vida ligeira,
A mãe é minha companheira,
Na lida um lar construir.

O filho é herança primeira,
Hum ano, criança faceira,
Um laço que Deus fez unir!

(PC - 09/03/2006)

Esse foi o primeiro!

Na verdade era para ser uma letra de música, mas... considero-o o primeiro.

ALVÍSSARA

Vede, em ruínas está a cidade,
O canto já não ecoa mais.
Vede, é tudo choro e lamento,
A harpa, em galhos secos jaz.
O vento de desobediência
Trouxe consigo o terror,
O gosto amargo da doce ilusão
Tirou do poeta o amor e a canção;
Quem trará novo alento a Sião?

Mas vede, é dos montes que vem a Paz,
Alvissareira é a notícia que traz
Os pés do arauto, do irmão.
Vede, é vitória já reina teu Deus,
Em corais alardeia Sião
Às nações a tua salvação.

(PC - 09/2005)