sexta-feira, novembro 26, 2010

BRANCO, SILÊNCIO E IMOBILIDADE
à memória de Robert Bresson

Que deserto te cerca, asceta?
Onde vais com tua lancinante luz?
Limpando do céu os excessos,
cercando de sina os modelos,
moldando à inércia teus atos;
onde vais?
Agora que escuto o som de teus silêncios,
que ando atrás das expressões sem face,
faço uma prece e pareço entender
que a vida irradia em monotonia,
que a arte é o tormento do instante,
nutrindo, ainda que distante,
na alma dos homens o afã do infinito.

(Paulo Cruz)