UM NEO-ATEU VISITA O SERTÃO
Seu cangaceiro
porque tanto desatino?
Não há Deus, não há destino,
nem há céu onde morar.
A vida é isso,
muita dor, muito conflito,
mas condenação, repito,
é viver a esperar
alguém que venha
lá do Alto respondendo,
meus problemas resolvendo,
sem que eu saiba onde está;
onde se esconde
esse ser tão desligado,
que não vê o resultado
do que resolveu criar.
Por isso eu digo,
Somos sós, é só matéria,
viemos das bactérias,
a ciência vai provar;
com Charles Darwin,
pai da nobre teoria
(era tudo que eu queria!):
de que a vida vem do mar.
E evoluindo
toda terra, toda espécie,
tudo nasce, tudo cresce,
não sei onde vai parar!
Diria Sartre,
eu o li e te garanto,
é o homem, sem encanto,
condenado a vagar.
E sem comando
ou escolhe a aventura,
sem abonação futura,
ou melhor é se matar.
À minha vista,
li num livro marxista
que a vida é uma conquista
do trabalho a prosperar.
Onde o povo
tem dinheiro sem limite,
todo mundo (acredite!);
pobres? Em nenhum lugar!
Ou pelo menos
tem comida, moradia,
tudo isso é garantia
do governo singular.
Em tais leituras
(mais moderna impossível),
que engenhosidade incrível,
nisto eu quero acreditar.
Não nesse livro,
que escrito há tanto tempo,
por um povo desatento
que não sabe seu lugar.
Espalha o ódio
não a paz, como professa,
seus desvios não confessa,
só sabe dissimular.
E concluindo:
seu estômago roncando
e este sol te estrangulando
não há como resolver.
Me dê teus dados
que voltando ao mundo ativo,
mando-lhe um donativo,
é só o que posso fazer.
E respondendo,
o sofrido cangaceiro,
com pensamento ligeiro
mesmo a fome a o atacar:
Seu dotozinho,
me desculpe, sou sincero,
sua solidão não quero
e lhe digo, quer ouvir?
Aqui no seco,
onde não há segurança,
só se vive de esperança,
tenho um Deus a quem pedir.
Se eu me enfronhasse
Nessa tua maluquice
“Não há Deus!” — Foi o que disse?
Como iria resistir?
De um escritório
é tão fácil palavrório,
mesmo esse tão simplório
pra grã-fino discutir.
Mas no cangaço
esse assunto dá cansaço
e aqui não há espaço,
eu não posso desistir.
(Paulo Cruz)
quarta-feira, novembro 12, 2008
quarta-feira, novembro 05, 2008
God Bless America!
OBAMA
A cor que vai correndo pelo mundo,
nas urnas que anunciam novo tempo,
tornando tudo negro ao redor - tudo!
mudando a cor do sonho americano
nas faces brancas rubras taciturnas,
é a cor da alegria esperançosa.
Do ódio Ku-Klux-Klan ensandecido
à marcha de um milhão, dos muitos sonhos
cercados de ideais; do pacifismo
de Martin Luther King (I Have a Dream!)
ao grito radical de Malcolm X,
uniu o amor de um povo infeliz.
A Terra estarrecida volta os olhos
à imensa minoria, descendente
de escravos sequestrados cruelmente,
mas cheia de organização e orgulho,
mostrou que a determinação termina
por sempre conquistar espaços muitos!
Mas ao mostrar ao mundo uma utopia,
cercar de messianismo um simples homem,
sem ver o mecanismo que isso envolve,
não é o que se deve ter em mente;
e sim por ver na história sobretudo
um afro-americano presidente.
(Paulo Cruz)
A cor que vai correndo pelo mundo,
nas urnas que anunciam novo tempo,
tornando tudo negro ao redor - tudo!
mudando a cor do sonho americano
nas faces brancas rubras taciturnas,
é a cor da alegria esperançosa.
Do ódio Ku-Klux-Klan ensandecido
à marcha de um milhão, dos muitos sonhos
cercados de ideais; do pacifismo
de Martin Luther King (I Have a Dream!)
ao grito radical de Malcolm X,
uniu o amor de um povo infeliz.
A Terra estarrecida volta os olhos
à imensa minoria, descendente
de escravos sequestrados cruelmente,
mas cheia de organização e orgulho,
mostrou que a determinação termina
por sempre conquistar espaços muitos!
Mas ao mostrar ao mundo uma utopia,
cercar de messianismo um simples homem,
sem ver o mecanismo que isso envolve,
não é o que se deve ter em mente;
e sim por ver na história sobretudo
um afro-americano presidente.
(Paulo Cruz)
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