SOU VELHO
Sou velho.
Engano minha senilidade
Com um rosto sem rugas,
Com minha tenra idade,
Mas sou velho.
Meus ouvidos são
Castigados com tantas
Futilidades ingênuas,
Que chego a pensar não
Ser mais adequado.
Por isso sofro,
Mas não sofro calado.
A pena me dá liberdade,
Minha boca anuncia a saudade
Dos valores, da ética;
De um mundo onde a verdade
Não era patética,
Nem tão vulgarizada;
Onde a moral era absoluta
E não pulverizada;
Quase calada
Diante de uma existência insulsa,
Quando o Bem não causava repulsa.
(PC - 26/06/2006)