AO ESCULTOR DO TEMPO
À memória de Andrei Tarkovski
Ainda ouço o som
da chuva no telhado.
O rosto talhado de existência,
a insistência da vida
nos poemas do pai,
na arte do ator,
na fotografia dos fatos.
Tudo que sei,
Andrei,
é que agora não sou mais o mesmo;
teus sonhos são os meus,
sou teu personagem perdido
no ocidente, num acidente do tempo,
uma imagem de tua criação,
canção que de tuas lentes
emana lentamente.
Sou amigo de teu sofrimento,
abrigo de tua arte,
afrontando as fronteiras do saber,
os encargos da dor
e os sabores amargos da solidão.
(PC - 12/12/2007)
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