sexta-feira, abril 25, 2008

NOVOS RUMOS
À Luciana Melo

Não quero tristes despedidas,
nem suposições descabidas,
há um longo caminho a seguir.

Andar por onde velhos sonhos
já muito antes habitavam
e apostar alto no devir.

Lembrar os amores possíveis,
deitar na varanda da vida
e estar a pensar no partir

como um desejo satisfeito.
No peito a doce nostalgia
de um grande carinho a fluir.

Um ensejo de novos rumos
no raiar de um dia que surge.

Decidir é deixar-se ir.

(Paulo Cruz - 25/04/2008)

segunda-feira, abril 14, 2008

"Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio." (Fernando Pessoa)

À BEIRA DO RIO

À beira do rio há um tempo
que não fica conosco,
segue esgueirando-se
pelas encostas dos montes,
velando pelos vales
que se intensificam
à medida que o mar se aproxima.
Acima de toda e qualquer pretensão
descabida, o rio, sob o tempo,
cumula de beleza os seres,
que em suas águas se deleitam;
deitam-se à sua beira e buscam guarida
nos amores possíveis da natureza.

À beira do rio só há uma certeza:
de que a mesma correnteza que leva
os amores ao mar,
traz a cada momento uma nova alegria,
que fortalece seu leito
em meio à intensidade das águas,
fortelecendo as raízes que moram à margem
de sua inocente magnificência.

(PC - 31/03/2008)

segunda-feira, abril 07, 2008

O BELO

Enfim, o que há de belo
na monotonia dos dias,
senão os dias que se seguem,
incólumes como os deuses,
que do Olimpo ferem
com sua imortalidade
a fragilidade dos homens?

O que há de belo no frenesi
da noite, que guarda de nós
o melhor de nossos dias?

O que há de belo no sumo
sumário dos sonhos,
Na saga solitária e sombria
rumo à Alegria?

Há um desejo, um lampejo
de vida plena,
de felicidade na doce angústia
da saudade,
na dolência das horas,
que passam tão depressa
nos momentos fraternos.

Há um leve desespero
pela eternidade dos tempos,
na inesperada união das estradas;
por onde seguem, felizes para sempre...
como num conto de fadas.

(PC - 27/03/2008)