ESTIAGEM
Serôdia foi a chuva que surgiu
certo dia
e o rio se encheu de águas caudalosas.
E eu à beira,
zeloso entre o prazer da correnteza,
e a certeza
de não poder banhar-me por inteiro.
Era um sonho,
e eu sentado em companhia ilustre
não sabia,
que tal cenário se dissiparia
tão ligeiro,
que o belo da paisagem que eu nutria
em meu corpo,
jamais encobriria o meu tesouro.
E por fim,
as águas que corriam caudalosas
se calaram,
irrigaram o solo de meus sonhos
e partiram,
em novas substâncias transformadas.
Era um risco
trilhar por um caminho tão incerto,
pois seu curso
feria de erosão a terra fértil.
Por receio,
o rio não foi ao mar tornar-se intenso
e seu leito
secou sob a aridez de um deserto.
(Paulo Cruz)
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