SOU VELHO
Sou velho.
Engano minha senilidade
Com um rosto sem rugas,
Com minha tenra idade,
Mas sou velho.
Meus ouvidos são
Castigados com tantas
Futilidades ingênuas,
Que chego a pensar não
Ser mais adequado.
Por isso sofro,
Mas não sofro calado.
A pena me dá liberdade,
Minha boca anuncia a saudade
Dos valores, da ética;
De um mundo onde a verdade
Não era patética,
Nem tão vulgarizada;
Onde a moral era absoluta
E não pulverizada;
Quase calada
Diante de uma existência insulsa,
Quando o Bem não causava repulsa.
(PC - 26/06/2006)
segunda-feira, dezembro 18, 2006
sábado, novembro 18, 2006
Carlos Cruz, meu irmão: saudades!
AO MAIS FELIZ E MAIS TRISTE
Parte de mim se perdeu, e nunca mais
Minha vida será regada a tamanha sinceridade.
A luz se fora apagada; sim, apagada,
Não há mais o caminho, não mais cruzará a estrada.
Estranha é a dor da perda de nós mesmos;
Estranho é ver o nosso próprio corpo deitar no ataúde.
Tentei evitar, mas não pude.
Minhas chances se esvaíram na força da resignação.
Meu amigo se foi e eu, sem ação,
Somente contemplei o suspiro artificial de sua alma,
Clamando pelo fio de vida que inundava o leito frio.
Ainda hoje me lembrei de seu sorriso travesso,
Inveterado e sem preço,
Que nos encontros fazia sucesso.
Saudoso estou, por isso o Poema me viu e me tocou;
Me fez reviver minha impotência,
Inundou-me fundo a consciência,
E entregou meu sentimento ao verso.
Em paz dorme meu irmão, meu amigo;
Que tão cedo se foi, mas permanece vivo
Na morada do Eterno; e no meu coração,
Ainda caminha comigo.
(PC - 14/09/2006)
Parte de mim se perdeu, e nunca mais
Minha vida será regada a tamanha sinceridade.
A luz se fora apagada; sim, apagada,
Não há mais o caminho, não mais cruzará a estrada.
Estranha é a dor da perda de nós mesmos;
Estranho é ver o nosso próprio corpo deitar no ataúde.
Tentei evitar, mas não pude.
Minhas chances se esvaíram na força da resignação.
Meu amigo se foi e eu, sem ação,
Somente contemplei o suspiro artificial de sua alma,
Clamando pelo fio de vida que inundava o leito frio.
Ainda hoje me lembrei de seu sorriso travesso,
Inveterado e sem preço,
Que nos encontros fazia sucesso.
Saudoso estou, por isso o Poema me viu e me tocou;
Me fez reviver minha impotência,
Inundou-me fundo a consciência,
E entregou meu sentimento ao verso.
Em paz dorme meu irmão, meu amigo;
Que tão cedo se foi, mas permanece vivo
Na morada do Eterno; e no meu coração,
Ainda caminha comigo.
(PC - 14/09/2006)
sexta-feira, outubro 20, 2006
Da paixão que ultrapassa os limites
JOVEM WERTHER
Paixão que a dor dilacera
Tão forte, até fragiliza
Tão triste, o mal exaspera
O amor que idealiza
Cartas que escreve calado
Expõe o ardor da desdita
No peito jaz machucado
N'alma ferida e aflita
Refém de imensa utopia
Vagando em cego tormento
Não há alegria em seu dia
À noite afunda em lamento
Sem esperança e guarida,
Caminha à parte da sorte,
Não vê ventura na vida,
Põe fim ao dia na morte.
(PC - 02/08/2006 - Sobre o Werther, de Goethe)
Paixão que a dor dilacera
Tão forte, até fragiliza
Tão triste, o mal exaspera
O amor que idealiza
Cartas que escreve calado
Expõe o ardor da desdita
No peito jaz machucado
N'alma ferida e aflita
Refém de imensa utopia
Vagando em cego tormento
Não há alegria em seu dia
À noite afunda em lamento
Sem esperança e guarida,
Caminha à parte da sorte,
Não vê ventura na vida,
Põe fim ao dia na morte.
(PC - 02/08/2006 - Sobre o Werther, de Goethe)
quinta-feira, outubro 05, 2006
Em algum lugar do passado
O ESCRAVO AMANTE
Era o som da morte
Que se ouvia na senzala;
O tilintar seco das correntes
E os gemidos do que ao tronco
Fora pendurado para a correção.
Ele chorava, tímido de emoção,
Sentindo o gosto metálico
Do sangue que escorria
Pelo canto de sua boca.
A dor aguda no peito
Sinalizava a costela quebrada
Pelas pancadas "de jeito"
Que levara do capitão.
Resistiria o escravo amante?
Haveria para ele salvação?
Na Casa Grande
O córneo senhor do engenho ria.
Tomava sua bebiba quente
Na noite fria
Da fazenda de café.
Depois de um dia agitado,
Sentado em sua cadeira de madeira,
Cansado,
Colocava sua honra na balança,
Executara seu plano por inteiro,
Sua alma lavara na vingança.
Enquanto isso,
A senhora chorava amarga
Em seu rico aposento;
Mas não mostrava-se arrependida,
Apesar de no corpo ferida
E jazendo em profundo lamento.
Seu coração fora partido
Pela dor dos muitos açoites
E pelo amor proibido
Que outrora gozava, nas noites
De extremada e infeliz solidão.
(PC - 06/07/2006)
Era o som da morte
Que se ouvia na senzala;
O tilintar seco das correntes
E os gemidos do que ao tronco
Fora pendurado para a correção.
Ele chorava, tímido de emoção,
Sentindo o gosto metálico
Do sangue que escorria
Pelo canto de sua boca.
A dor aguda no peito
Sinalizava a costela quebrada
Pelas pancadas "de jeito"
Que levara do capitão.
Resistiria o escravo amante?
Haveria para ele salvação?
Na Casa Grande
O córneo senhor do engenho ria.
Tomava sua bebiba quente
Na noite fria
Da fazenda de café.
Depois de um dia agitado,
Sentado em sua cadeira de madeira,
Cansado,
Colocava sua honra na balança,
Executara seu plano por inteiro,
Sua alma lavara na vingança.
Enquanto isso,
A senhora chorava amarga
Em seu rico aposento;
Mas não mostrava-se arrependida,
Apesar de no corpo ferida
E jazendo em profundo lamento.
Seu coração fora partido
Pela dor dos muitos açoites
E pelo amor proibido
Que outrora gozava, nas noites
De extremada e infeliz solidão.
(PC - 06/07/2006)
segunda-feira, agosto 28, 2006
O amor, sempre ele!
AMAR É...
Amar é o sofrer educado,
É o poder que abdica,
Fala mais se calado.
Amar é a mágoa que cura,
Tal paixão se dedica,
Tão fiel se segura.
Amar é o caminho hesitante
Do desejo que indica
O andar confiante.
(PC - 08/08/2006)
Amar é o sofrer educado,
É o poder que abdica,
Fala mais se calado.
Amar é a mágoa que cura,
Tal paixão se dedica,
Tão fiel se segura.
Amar é o caminho hesitante
Do desejo que indica
O andar confiante.
(PC - 08/08/2006)
sexta-feira, agosto 04, 2006
A herança do Patriarca recusa o cessar-fogo!
OGIVA MALDITA
Rasgando o céu,
A ogiva maldita
Cumpre seu papel.
Desliza ligeira
Por sobre seu alvo,
Sua sombra certeira.
Derrama seu cheiro
De fogo celeste
Mortal, traiçoeiro.
Não resta um abrigo
E até nas crianças
Vê um inimigo.
Suplício clemente
No brado das ruas,
No sangue inocente.
Vem da Palestina
Ou vem de Israel
Tal fúria assassina?
Irmãos separados
Desde o nascimento;
São todos culpados!
Pois todo conflito
Em nome de Deus
É um erro maldito!
(PC - 04/08/2006 - Sobre a guerra infinda entre Israel e Palestina)
Rasgando o céu,
A ogiva maldita
Cumpre seu papel.
Desliza ligeira
Por sobre seu alvo,
Sua sombra certeira.
Derrama seu cheiro
De fogo celeste
Mortal, traiçoeiro.
Não resta um abrigo
E até nas crianças
Vê um inimigo.
Suplício clemente
No brado das ruas,
No sangue inocente.
Vem da Palestina
Ou vem de Israel
Tal fúria assassina?
Irmãos separados
Desde o nascimento;
São todos culpados!
Pois todo conflito
Em nome de Deus
É um erro maldito!
(PC - 04/08/2006 - Sobre a guerra infinda entre Israel e Palestina)
quarta-feira, agosto 02, 2006
Que frio!!!
SOLSTÍCIO
Assim que o vento
Dissipa as cinzas nuvens
Do céu agourento,
A furta-cor divinal
Dos raios solares,
Emanam seus calores,
Dão o seu sinal,
Banham de luz as flores.
Incólume e envergonhado,
O sol brilha por sobre
Um céu cinza azulado;
Na claridade invernia
Das tardes de junho.
Com seu hálito vem sarar
À pele que ao frio arde,
Os corpos rijos animar.
(30/06/2006 - Sob o inverno de 2006)
Assim que o vento
Dissipa as cinzas nuvens
Do céu agourento,
A furta-cor divinal
Dos raios solares,
Emanam seus calores,
Dão o seu sinal,
Banham de luz as flores.
Incólume e envergonhado,
O sol brilha por sobre
Um céu cinza azulado;
Na claridade invernia
Das tardes de junho.
Com seu hálito vem sarar
À pele que ao frio arde,
Os corpos rijos animar.
(30/06/2006 - Sob o inverno de 2006)
quarta-feira, julho 26, 2006
Memórias do Planalto
Estive em Brasília por 4 dias. Longe de todos, inclusive no dia do meu aniversário (como diz o poema "Aniversário Solitário").
Esses dias foram, apesar de tudo, produtivos, tanto no sentido profissional, como espiritual e emocional, fazendo-me ler...ler...e escrever...escrever...(rs).
Li C.S. Lewis, Pablo Neruda e Goethe. Foi ótimo!
Seguem alguns dos poemas produzidos nesse período.
Enjoy!
O MEDO DO NUMINOSO
Ainda era dia,
Fez-se noite em meu quarto
E assombrei-me.
Temi a presença numinosa
E orei,
Como um filho teimoso
Implorei,
Parecendo não estar só,
Sonhei,
Sobressaltado e ofegante
Acordei.
Era o quarto do Hotel;
Uma terra estranha
E distante.
(PC - 24/07/2006 - Eron Hotel - Brasília-DF)
PRIVACIDADE
Gosto de privacidade
Mas não de solidão.
Esta é traiçoeira,
Avança a idade,
Dissipa a paixão.
Destrói a esperança,
A inocência da criança,
Entorpece a sensibilidade.
Ficamos ocos
A ponto de não sentir
Saudade.
Não há deleite;
Não há sim, e nem não,
Somente um terrível vazio,
Preenchendo a vida de
Solidão.
(PC - 25/07/2006 - Eron Hotel - Brasília-DF)
OS CAMPOS DO CERRADO
Hoje da torre vi
A Esplanada dos Ministérios.
Será que essa corja
Já viu a cor
Dos campos do Cerrado
Nesta estação?
Será que é assim que está
Seu coração?
Seco, pedindo pela água
Que seu deus
- O deus da sua consciência -
Não manda.
Nem a lama dos seus
Gabinetes não os amolece.
O Planalto é imponente
E nós, o povo,
Impotentes
Como o lago:
Está lá
Mas não se move,
Cercado pela terra
Árida dos campos
Do Cerrado.
(PC - 26/07/2006 - Eron Hotel - Brasília-DF - Após visita à Torre de Transmissão)
Esses dias foram, apesar de tudo, produtivos, tanto no sentido profissional, como espiritual e emocional, fazendo-me ler...ler...e escrever...escrever...(rs).
Li C.S. Lewis, Pablo Neruda e Goethe. Foi ótimo!
Seguem alguns dos poemas produzidos nesse período.
Enjoy!
O MEDO DO NUMINOSO
Ainda era dia,
Fez-se noite em meu quarto
E assombrei-me.
Temi a presença numinosa
E orei,
Como um filho teimoso
Implorei,
Parecendo não estar só,
Sonhei,
Sobressaltado e ofegante
Acordei.
Era o quarto do Hotel;
Uma terra estranha
E distante.
(PC - 24/07/2006 - Eron Hotel - Brasília-DF)
PRIVACIDADE
Gosto de privacidade
Mas não de solidão.
Esta é traiçoeira,
Avança a idade,
Dissipa a paixão.
Destrói a esperança,
A inocência da criança,
Entorpece a sensibilidade.
Ficamos ocos
A ponto de não sentir
Saudade.
Não há deleite;
Não há sim, e nem não,
Somente um terrível vazio,
Preenchendo a vida de
Solidão.
(PC - 25/07/2006 - Eron Hotel - Brasília-DF)
OS CAMPOS DO CERRADO
Hoje da torre vi
A Esplanada dos Ministérios.
Será que essa corja
Já viu a cor
Dos campos do Cerrado
Nesta estação?
Será que é assim que está
Seu coração?
Seco, pedindo pela água
Que seu deus
- O deus da sua consciência -
Não manda.
Nem a lama dos seus
Gabinetes não os amolece.
O Planalto é imponente
E nós, o povo,
Impotentes
Como o lago:
Está lá
Mas não se move,
Cercado pela terra
Árida dos campos
Do Cerrado.
(PC - 26/07/2006 - Eron Hotel - Brasília-DF - Após visita à Torre de Transmissão)
sexta-feira, julho 21, 2006
Tiago, um ano! (03/06)
Esse foi em comemoração pelo primeiro aniversário do meu filho Tiago!
HUM ANO
É graça, se compra sem preço,
Tamanha, não dá prá contar.
É lindo, um lindo começo,
Humilde alegria a brotar.
É filho, do amor é herdeiro,
Faz anos, vai palmas bater.
Presente do Deus Verdadeiro,
Nos olhos traz luz ao viver.
Sou pai e, na vida ligeira,
A mãe é minha companheira,
Na lida um lar construir.
O filho é herança primeira,
Hum ano, criança faceira,
Um laço que Deus fez unir!
(PC - 09/03/2006)
HUM ANO
É graça, se compra sem preço,
Tamanha, não dá prá contar.
É lindo, um lindo começo,
Humilde alegria a brotar.
É filho, do amor é herdeiro,
Faz anos, vai palmas bater.
Presente do Deus Verdadeiro,
Nos olhos traz luz ao viver.
Sou pai e, na vida ligeira,
A mãe é minha companheira,
Na lida um lar construir.
O filho é herança primeira,
Hum ano, criança faceira,
Um laço que Deus fez unir!
(PC - 09/03/2006)
Esse foi o primeiro!
Na verdade era para ser uma letra de música, mas... considero-o o primeiro.
ALVÍSSARA
Vede, em ruínas está a cidade,
O canto já não ecoa mais.
Vede, é tudo choro e lamento,
A harpa, em galhos secos jaz.
O vento de desobediência
Trouxe consigo o terror,
O gosto amargo da doce ilusão
Tirou do poeta o amor e a canção;
Quem trará novo alento a Sião?
Mas vede, é dos montes que vem a Paz,
Alvissareira é a notícia que traz
Os pés do arauto, do irmão.
Vede, é vitória já reina teu Deus,
Em corais alardeia Sião
Às nações a tua salvação.
(PC - 09/2005)
ALVÍSSARA
Vede, em ruínas está a cidade,
O canto já não ecoa mais.
Vede, é tudo choro e lamento,
A harpa, em galhos secos jaz.
O vento de desobediência
Trouxe consigo o terror,
O gosto amargo da doce ilusão
Tirou do poeta o amor e a canção;
Quem trará novo alento a Sião?
Mas vede, é dos montes que vem a Paz,
Alvissareira é a notícia que traz
Os pés do arauto, do irmão.
Vede, é vitória já reina teu Deus,
Em corais alardeia Sião
Às nações a tua salvação.
(PC - 09/2005)
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