terça-feira, junho 10, 2008

AMOR DE VERANEIO

Nunca tive um amor de veraneio.
Meus amores todos foram maiores
do que eu mesmo, maiores que eu
em minha modestíssima estatura,
maiores que meu coração, acima
de minha capacidade de ser
menor que o necessário a uma paixão.
Meus amores duram a vida toda,
e são parte de mim, de minha arte,
são o que fui e sou ao mesmo tempo,
meu futuro saturado de vida,
são a todo momento e num instante
são tudo de mim e o que nada tive,
são de tudo o que tenho, o mais humano
e o mais humilde mistério em mim,
meu clamor ao infinito, ao Eterno
(pois só o Eterno ama ternamente).
Minha mente arde de amores vivos,
e nunca é tarde para amar senão
tudo o que existe; nada é passageiro.

Amor de veraneio é um devaneio,
nunca me entreguei senão por inteiro.

(Paulo Cruz)

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