quinta-feira, julho 01, 2010

DE MIM

De mim, que já não sou eu mesmo, grito,
porque me falta um pouco ainda, ainda,
nos versos que com dor são arrancados
de mim, pois não consigo ser eu mesmo.

De mim, de mais ninguém, demonstro os erros,
se bem que poderia apontar outros,
que, como eu, não são mais que um instante
de sonho, sanha, sina e céu noturno.

Mas só de mim é que hoje achei motivo.
E ativo um paradoxo dialético,
seguindo a via inversa à que me afronta
e à frente de mim mesmo me confronto.

O espaço é tão concreto e específico...!
Se fico em mim não sei se vou além,
― tal como o além-do-homem nietzscheano ―
ou mesmo até se em mim encontro Deus.

De mim é que exagero e gero dúvidas,
pois sei que sou capaz de mais um pouco;
ao menos de esperança sou munido
a ponto de estar são e também louco.

(Paulo Cruz)

2 comentários:

cahoni disse...

Fala Paulo blz? Tá legal o blog hein? esse seu último poema me lembro esse do Sá de miranda.

Comigo me desavim

Comigo me desavim,
Sou posto em todo perigo;
Não posso viver comigo
Nem posso fugir de mim.

Com dor, da gente fugia,
Antes que esta assim crescesse:
Agora já fugiria
De mim, se de mim pudesse.
Que meio espero ou que fim
Do vão trabalho que sigo,
Pois que trago a mim comigo
Tamanho imigo de mim?

grande abraço!

Hermes C. Fernandes disse...

Olá Paulo!

Parabéns pelo belo trabalho apresentado aqui no blog.

Já estou seguindo!

Aproveito para lhe convidar a conhecer meu blog, e se desejar também segui-lo, será uma honra.

Seus comentários também serão sempre bem-vindos.

www.hermesfernandes.blogspot.com

Te espero lá!